5.04.2008

Exposição Trajetórias[sete olhares]

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Fotografar implica fazer um recorte de um lugar em um dado momento, reter um fragmento do continuum espaço-tempo, isolar um instante e um ponto de vista e excluir o que está ao redor. Capaz de captar mínimas frações de segundo, a fotografia muitas vezes parece ser um instrumento congelador: como imagens estáticas podem dar conta do movimento?

A exposição Trajetórias[sete olhares] reúne o trabalho de sete artistas que investigam como a fotografia pode captar ou sugerir o movimento. Os trabalhos que Adriana Andricopulo, Ana Ledur, Camila Schenkel, Kátia Costa, Luci Sgorla, Priscilla Zanini e Rafael Johann apresentam nesse projeto se debruçam sobre fluxos, narrativas, e trajetórias, construindo sequências que enfatizam o tempo da imagem e o intervalo que mediam os instantes fotográficos.
Por meio de séries, objetos e livros, estes artistas exploram tanto a capacidade da fotografia de congelar frações de segundo e revelar posições transitórias quanto a de diluir os contornos daquilo que passa rapidamente por suas lentes.


Em Movimentos da Terra, Adriana Andricopulo congela, através da fotografia, uma sequência de imagens em que um mesmo local é registrado repetidamente em diferentes horários e épocas do ano, evidenciando como o trânsito constante do nosso planeta influencia no modo como percebemos a cor, a textura, a profundidade e os detalhes das superfícies.


O movimento do trabalho Foco na Paisagem, de Ana Ledur, provém do deslocamento da própria artista, que constrói uma sequência de imagens a partir do caminho que percorre de um ponto inicial, a fechadura da porta principal de um casarão, até sua inserção no contexto maior da paisagem.




Em Percurso, Luci Sgorla registra o modo como enxerga através da janela do ônibus em movimento, a paisagem durante suas freqüentes viagens entre Porto Alegre e Esmeralda-RS, congelando os instantes dessa aceleração vertiginosa para apreender esse estado passageiro.




Separada das pessoas que observa por uma cortina d'água
que escorre ininterruptamente, Camila Schenkel registra em Travessia a passagem de transeuntes em diferentes tipos de espaços urbanos. Sua fotografia luta para captar, de alguma maneira, as breves aparições humanas que rapidamente se
liquefazem, aproximando-se da linguagem pictórica.






Em [Move], Kátia Costa organiza sequências
de movimentos tanto de cenas descontraídas do cotidiano quanto de cenas dirigidas, com o objetivo de formar narrativas que ilustram em ondas e linhas a passagem de corpos no tempo e no espaço.




Na série Janela Ausente, Priscilla Zanini investiga até que ponto janelas de apartamentos podem revelar para a rua fragmentos do cotidiano e a intimidade dos seus habitantes. Num jogo entre claro e
escuro, visível e invisível que as fachadas de prédios residenciais oferecem à noite, Priscilla cria uma narrativa nebulosa e labiríntica na qual vestígios podem ser resgatados pelo trajeto pessoal de cada espectador.





Rafael Johann em sua série Trajetos apresenta imagens obtidas durante seu deslocamento dentro de cidades brasileiras. Usando o que ele chama de Pinlux, uma câmera pinrole construída a partir de uma caixa de fósforos, Rafael registra personagens e cenas destas viagens e, ao invés de congelar uma fração de segundo do trajeto, constrói uma imagem lentamente, acumulando camadas de tempo e diferentes etapas de um movimento: o do fotógrafo que viaja, o dos personagens e seus itinerários e o da própria câmera.

Encontro com os artistas, 19 de maio















abertura: 06 de maio às 19h. visitação: de 06 de maio a 30 de maio de 2008.
Encontro com os artistas:19 de maio às 19h.


com mediação de Marcelo Gobatto - Artista plástico, professor, doutorando da UFRGS, produtor e diretor de vídeo. Divide junto com Juliano Ambrosini o núcleo de produção audiovisual e atelier de vídeo LABORATÓRIO EXPERIMENTAL.

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